quinta-feira, fevereiro 14, 2019

Metamorfose


Acidentalmente, encontrei memórias!
Pulei da cadeira, exclamei agoiros
e o meu coração galgou
Que nem um galgo insensato!
Mais do que é possível?
Ainda soam inconvenientes
As surpresas indevidas,
do que é suposto ser “acidente”!
Sempre tento desviar estas ocorrências!
 
Imprudência é o que me ocorre pensar
Cautelosamente, limpo o que surge vagueando …
Em resquícios de informação digital …
O resultado ímpar de um descuido, faz a diferença…
Vestígios perdidos algures em gavetas, ou armários,
Notas, piadas e rascunhos e risos rabiscados
Nalgum pedaço de papel achado
Lembranças perigosas!
Que me fazem perder…
Perdida dos outros, em redor, de TUDO!
Sons céticos e extemporâneos pairam
Sistematicamente,  
surgem algures quão tombos instigam
Em frases ou expressões mormente se contemplarão
Em sintonia? Nunca mais!
Nem a escrita me salva.
 
Tal ferocidade és que empobrece e devastas
O que o Pouco ainda mantém de pé!
Enquanto a vida desaparece de mim…
 
A vida aconteceu e
a alma viveu
e o espírito acelerou quando o tempo deixou e foi mestre 
Hoje, sobra a apatia para me lembrar…
 
 
Tento encobrir emoções,
Amparo algumas
Deixo-as sentadas a um canto,
Constantemente repousam amorfas.
Fujo delas!
Finjo que não as identifico!
Um estado de dormência crónica!
Imóveis, devem permanecer
Certamente “imperfeição” necessária!
Diria alguém que não sabe o acontecido!
Assusta a forma que deve (de) ser, a natural
 em intrínseca repressão.
E, o Ser que já foi meu,
o que a verdade ajusta à autenticidade
acelera e vai…
registando e transformando jocosamente a essência!
EM alguém que habita em mim, que não conheço.
Essa impressão é inabalável!
 
A mente detém o poder e
Vai criando tantos papéis.
E nunca senti tamanhos e diferentes…
E atuam anuindo e, ao recetor adequo-me e se…
experimento tantos!
Só sei que me esgota,
E recomeço este vicio, uma total degradação!
A cada dia e a cada noite, construo-as e desfaço-as
Não passam de pensamentos solitários.
Pelo meio, esgares de melancolia,
De tristeza, e de choro!
De irritação e de rebelião
De expetativas cruéis, e de inutilidade!
Inútil rebeldia!
 
Estará a querer renascer?
Finalmente é chegado o momento
Percurso que deve ser limpo!
Atulhado de manias, fábulas e fingimentos e hipocrisias
Sobre o acontecido, seguro o grito
É um clamor surdo, ergue-se do vazio, de um
“caminhar sem sentido”
De um trautear até à vigésima quarta hora
E volta no dia seguinte
à cata de ofensas remoídas e rebuscadas e
só vejo nódoas misturadas com Amor, juras ou
ou promessas tão negras!
 
Inação e In bravura versus
sábias e manipuladoras galhofas
Para alcançar o fim que não vi, o esperado
Quando é que tem fim, este fim?? 
Chegado o desfecho que tu queres!
Desconheço-o… e é o que não quero saber!
Não o quero saber. Nunca o quis saber,
Apenas conheço o que senti! Mais um cabeçalho, era!
Neste momento, nada é Nada!
 
Aprendi a ver o Impossível
Instrui a alma a encontrar-se com a dor
Aprendi a existir impassível
E escolho, o não me permitir a sentir mais nada!
Os desenganos permanecem na última “narrativa”
A que envolvia luz e magia
A realidade do que se é e do quão se sente…
- “És tu!” Sim. Sou eu!
Onde é que andas? Eu?
Perdi-me perdidamente em ti
És O meu erro, O meu sem retorno, O meu desazo.
Eu contemplo-me de fora, e assisto:
Que te perdeste. Que te desperdiçaste.
Que te esbanjaste. Forçaste o tempo a dar-te atenção!
Percebes que não queres o fim… queres que o tempo te agarre
Queres que te apanhe…te console … e te diga que nada aconteceu!
Nem te consigo salvar de ti própria
 
Será que há um momento em que percebemos a complexidade dos acasos?
A urgência do que nos faz sentido? A Vida, no fundo!
Ou das palavras que nos saem sem pensadas
Ou que se tornam arrependidas, ou lamentáveis ações que se desvinculam
Quando seduzimos a tentativa de esquecermos alguém???
A necessidade advém do pavor do que não conseguimos esquecer.
Afinal o que se tenciona fazer depois
Abandonar a mágoa.
Tendencialmente, largar o milagre,
 o que se metamorfoseia em pesadelo
Todos os dias, sou a metamorfose de mim própria

terça-feira, fevereiro 12, 2019

Veda-te órgão monstruoso que és


As lembranças queimam
Traem e enganam e devastam…
Nem sobejam os vigores, as robustezes!
Simplesmente és o intento da mente,
A estória germinou, e inventas
E crias, e compões, e constróis …

Nada!
Nem o Nada se transforma em significado,
Era leal e generoso
De qualquer enredo com desfecho justo.
Tudo perdeu o que é seu…
Não há sentido, não há escândalo,
Não há absolvições …
Não há indignação, não há escolha
Não há preceito, NADA.
És só Tu emaranhada em omissões 
Em hesitações, medos e palermices
De algo que brotou imaturo…
E esvai-se… como se o alter-ego se esvaziasse
Em insignificâncias que se ficaram em palavras!
Tornas-te alerta, até na dúvida reincidente
Na dor que atravessa verdades tão nítidas
… que nunca quiseste ver!!

Perdeste-te em pormenores desperdiçados, 
Juízos alvoroçados recordam-se de ti..
Do fim, do seu fim…
Tentas fartar os dias que não te largam
O que levas deles…
Razões e dias sem NADA

Tempo és esbanjador, gastas o teu tempo
Em tempo de outrem…
A alma sã? Não há salubridade
Apenas se revê nesta alma enferma
Engodos, Iscos, Chamarizes, Atrativos 
Contos engendrados, e espremidos
Não possuem… NADA!
Só pesar!
Angústia e desgosto…  
Finalmente, se exibem ….
e “abocanham”.
Destapam o Véu…
Continuamente fusco, basso e sujo
Nunca alumiado e cintilante
Sempre com tonalidades enganosas,
Ias respirando, ias respeitando …
Olhando a luz um pouco enegrecida,
Faltou-te sempre olhar a realidade,
Olhar o facto,
O acontecimento,
e és assim: indubitavelmente vendada…
como se a vida te vendasse os olhos!
Sempre olhaste o mundo com o coração!
Nunca dissemelhante
A tua mente ausentava-se do coração.
És PEITO e viveste sempre na essência,
e tão desligada …
E, objetivamente, o que alcançaste?
Ao cogitar, NADA
Ao refletir o sentir, contemplavas tolices
O que atentaste, racional, sobre?
O que o coração Te segredava...
E te levariam onde? a NADA
E sustentam esta narrativa, efabulando
… A alma enferma que te tornaste
Acredita, é o pior
estares doente...
E o pior ainda é destapar O choro,
Ao que não quiseste ver …
Ou o que deixaste de querer ver…
Ou o que o pestanejar não viu
O coração vê, viu e via só o que o alegrava…
Sempre ingénuo e fraco…
Irresponsável e não soube coar o essencial
Nem impede nem veda!
Vedar o coração, ninguém sabe! quem o sabe??
Veda-te órgão monstruoso que és,
Veda-te aos desventurados: aos que te veneram e acreditam que em ti
está a solução !
Sempre que ele se desloca, brinca, move,
e bombeia, Atrozmente!
Vede: crescem muralhas em mim
           Caminha coxo, emuralhado
Ela aguarda até que o desassossego volte, de novo, a ser salutar!
E aprender a recuperar para os que bem-querem
A alguém que não sou Hoje!

Outubro 2018