sexta-feira, março 24, 2006

liberdade

Hoje, queria tanto ausentar-me de mim, esquecer-me de mim.
Vejo, ao longe, a proeza. Ela pode começar.
Se eu não temer o que não fiz.
Se eu acreditar nos pedaços que posso ter.

O percurso até pode estar certo, aquele que me parece incerto.
Não existem "locais fechados"... só, as chaves certas.
Existe uma porta ao fundo da rua que se chama liberdade,

Não interessa o que sonhamos,
Não interessa o que vemos,
Não interessa que acordemos,
Ou o que poderia acontecer.
Mas para todos os mistérios, há um desvendar.
Não interessa que tenhamos de recompensar fragmentos vitais
Que se revelam ineficazes,

O que pretendo é paz e equilíbrio,
Não quero chorar pela dor ou desespero
Porém, quero lavar a alma e o pensamento.
E seguir em frente para ver o que está para lá dessa porta.
A que chamam liberdade.

pranto

"Nenhuma pessoa merece tuas lágrimas e quem as merece não te fará chorar."

(Gabriel García Marquez)

a força do pudor

Essencial é escrever sobre algo q nos agrada. Discutivel ou não. Abrangente ou não.
Desde que se goste. Não pretendo satisfazer, todas as massas - leitores/curiosos - da blogsfera.
Achei interessante fazer uma pesquisa sobre o pudor.

Eu não sou pudica, raramente, só em situações novas e desconhecidas.

quantas vezes dizemos que: O que não se vê, mas se imagina, é mais provocador do que o que se vê normalmente, porque as circunstâncias fazem com que esse modo simples de se vestir seja o único possível e, portanto, que seja pudico. Nessas condições, a percepção do conjunto da sociedade está habituada a expressar o pudor e o "impudor" sempre dessa maneira.

Por exemplo, num contexto tribal, sem nenhuma cultura nem técnica, as circunstâncias ambientais tornam a roupa inadequada, pelo que, os indígenas, andam quase nus. O pudor costuma expressar-se dissimulando o estritamente sexual, com simples vestes. Mas quando uma mulher quer chamar a atenção do homem, o que faz é precisamente cobrir o peito. O contrário.

Quando as leis do pudor estabeleceram o que define a intimidade corporal, estabelece-se uma união entre a intimidade pessoal e a intimidade corporal. As duas caminham a par, porque a pessoa é corpo e espírito. Quando se entrega o corpo, entrega-se o espirito. E quando se abre a intimidade corporal, abre-se a intimidade pessoal. Separar esses dois factores produz uma ruptura interior da pessoa.

Por esta razão, os que se amam, procuram a intimidade.
..."Não porque vão fazer algo vergonhoso, mas porque a vista não transmite a verdade de um amor autêntico.
O que é expressão de carinho pode ser interpretado como mero uso sexual. E aqueles que se amam não estão dispostos a sofrer a vergonha de semelhantes interpretações.
Só os animais, e nem sequer muitos deles, fazem o acto sexual à vista de outros. A intimidade pessoal autêntica exige uma intimidade e descrição físicas, uma segurança exterior.
Por isso nenhuma representação artística da intimidade conjugal faz justiça à verdade dessa relação. Não é possível uma representação artística digna e moral dessa intimidade.
É inevitável que seja interpretada por muitos, ainda que sem culpa, ao nível da simples prostituição. Quando uma pessoa não se importa com isso, é que perdeu a sua dignidade pessoal. Não lhe resta já uma intimidade a salvaguardar. É puro objecto. "

Num momento, como o actual, em que é tão grande a carga erótica das modas, apregoada através dos meios de comunicação. Eu pergunto como manter uma atitude correcta quanto à estética da sexualidade. Convém aqui recordar que ver não é o mesmo que olhar.

Acho que se refrearmos esses impulsos da imaginação e do desejo teremos um dos meios de auto-educação.
Essas faculdades, servir-nos-ão adequadamente à capacidade de amar quepodemos vir a ter por aquela pessoa. Só essa educação conseguirá integrar os diversos níveis da nossa sexualidade e fazer que o corpo e a mente sejam bons instrumentos do nosso amor.

quinta-feira, março 23, 2006

Dia da poesia

"...A poesia é oferecida a cada pessoa só uma vez e o efeito da negação é irreversível.
O amor é oferecido raramente e aquele que o nega algumas vezes depois não o encontra mais..."

Sofia de Mello Breyner Andresen,

quarta-feira, março 08, 2006

Dia da Mulher

Se te abraçasse

Largava o teu corpo demorado no meu,
E deitava-me com ele, sem doidices
Só para te ter mais ao pé.

Só partilhava
O sossego das manhãs,
o burburinho das tardes
E a excelência das noites.

E o rouxinol.
Ele parava à beira da janela e,
Contar-me-ia de, existências nobres,

Do gotejar da chuva.
Das danças celebradas aos que abandonam a vida
Em labirintos emaranhados.
Se, ao menos, eu te abraçasse
Ficaria descansada.

Os girassóis cresciam e,
O verão chegava.

E o “amanhecer” jamais se ofenderia
Pelo orvalho.
Se ressentia das noites sem dormir.
Se, ao menos, eu te abraçasse

Podia colher uma flor
Que morria á sede.
Trataria dela como um filho, eu tivesse.
Se, ao menos, eu te abraçasse

terça-feira, março 07, 2006

Emblemas da realidade

Ao ler um texto no outro dia de Pedro Mexia no DN, deparei-me com a sua tão típica dissecação deliciosamente rigorosa, desta vez, à poesia de Rui Pires Cabral – “Praças e quintais”.
E retirei alguns excertos para perceber o que andamos a fazer uns com os outros. Existe, à partida, uma tomada de consciência obtusa e pouco clarividente. Intervenientes como o falta de altruísmo, de determinação e um enorme receio de dar, são uma permanência muito comum.

Outra característica tal-qualmente e que nos é inerente - fugir a sete pés do que acreditamos ou sentimos - ludibriar o nosso próprio coração, pôr em dúvida, e destruir as nossas convicções e ditar sentenças. Acima de tudo, viciá-las, de acordo, com as situações convenientes que se nos deparam na nossa vida.

“… São os percalços que nos fortalecem “…ok. Mas não são eles, também, que nos toldam as emoções, racionalizando-as? E o resultado disso, é criar imediatamente uma estrutura lógica de posições e pensamentos defensivos que, por nos serem desconhecidos ou novos, nos instigam a banir tudo que possa vir a tornar-se insuportável. Mesmo que isso não aconteça. O milagre da vida é estarmos abertos ao inesperado. Não é assim? Para o bom e para o mau.

Assumir os nossos sentimentos e, termos de lidar com eles, apavora-nos. Há quem nem os consiga identificar. “São os percalços da nossa aventura que nos fortalecem…”
“A obscura certeza de termos passado ao lado/De um amor perfeito que o tempo certamente trataria de desfigurar”.
O poeta, fala também, em emblemas da realidade, i.e., incertezas da maturidade.
“Certos sentimentos podem de repente viciar as cores do mundo, ou se lembra a falsa realidade que a repetição empresta às coisas.”
O mais grave é regermo-nos e vivermos de acordos com isso. É como se carregassemos esses emblemas, na lapela do casaco. E damo-nos tão bem.