segunda-feira, junho 25, 2018

O que serei eu, depois de ti?

Oh silêncio...
Ensurdecedor, és mais do que isso!
Destróis: - Cala-me a alma!
Nela vivem as palavras, não são mudas … ora fossem
Assumem a vida, o corpo e o som...
Que lhes apetece,
e não abandonam à vontade
Ressoam dentro de mim, dizem-me:
como a cegueira e a inércia
Da verdade…
É disparate, baseada em equívoco
E a mentira houve infindas
Desta narrativa tola que se construiu:
Romanceando, fracassámos ao objetivo!
Fabricado ou não… eu senti amor à vida!
Vida, que entrementes se olvidou!
Os vocábulos surdos ainda me ganham!


Quando surge o fim?
o que Não é ilegal no coração?
É desse que falo: Quando é que se sabe?
Quando? Tantas teses …
Quando é anunciada a sua morte?
Quando morre o “sei-te de cor”?
Toda esta panóplia de palavras
Mutilam e sabem …
Por onde ir…
Como atingir…
Sabem que o peito rebenta.
Só sei que o é, nas minhas mãos,
E durante a noite, vejo-o e
atravessam-na em branco e,
Regressa todas as manhãs!
Me dou conta pela madrugada.
Sempre que acordo e inda te olho.


Tem de ser o fim. É isto que se sente no fim?
Ou é só o fim da narrativa? ou modestamente és término!
Acredito no tempo, ele restaurar-me-á, sei-o que…
Me repõe a imagem autêntica de ti.


Fujo, até mesmo, do silêncio
Qualquer afluente que me leve à margem
Para que não me afogue!
Será que respiro aliviada, ou definho de tormento
és índole instável, e a alma também me seca ….
Aos poucos, alcançarei o outro lado.
Há um rio?
De noite e de dia, do lado onde há vida
Nesse rio, corre a esperança de eu voltar a ser eu …
Tento medir forças e não consigo, ainda, e deixo-me ir …
Espero que a maré me leve …
E aguardo neste inerte modo …
Que me revele o que não foi divulgado


Quero acreditar: que a brisa e o vento oportunos,
Eles levar-me-ão …e que me curem:
Da dor insatisfeita que não me larga!


Como é que se chega á inercia e ao silêncio?
Quanto tanto morre …
Não se anuncia, e O significado todo desensina…
Entender tudo de novo, um principiar
Tudo que é sinónimo é medo de tanto…
Dar e receber, o que temo é, de novo não saber...
Deponho-me em nada


Obrigas-me a:
Reaprender a amar e a reexistir tal como sou!


As falas silenciosas sussurram-me :
És pânico assente em pedaços de papéis rasgados,
que voam da alma, como janelas destapadas
e pedem ao coração: Sangrar até mais não….
Até mais Não poder!
Preserva um desamparo atroz, deve sangrar
E se no fim permanecer… nem ao longe, te terei


É possível que a alma, hoje:
deixe de rir, de sentir, de viver, de beber, de ver…
O tempo tornará muda esta quietude inquietadora e com fala,
A tormenta desabará e no profundo de mim,
vive cada vez mais Este calar que me
Faz fingir que a vida continua
E sim … ela prossegue crua
E terei de continuar, assim dura e impermeável
...me farei
A Ti
A todos
A tudo
Quem ocorrera a mim, em mim? O que serei eu, depois de ti?

                                                  Junho 2018