quinta-feira, março 25, 2010

Paradoxo agreste e cruel

O nosso espaço tornou-se doce e cruel,
Contemporâneo, diria até!
Todavia, a distância do tempo
Envolveu-se numa roda-viva
Por vezes, assume um acinzar de saudades
Do que não tivemos!

São emoções paradoxais e
o sentido é tão bárbaro e vertiginoso
que o não controlo.
Ligação negra e desconcertante
chega a ser alegre em sonhos
Para quem te estima!

nos teus braços imagino abafar o pesar que, outrora, os teus gestos, os teus esgares, e os teus sussurros mais exuberantes e voluptuosos me avivam o sangue que se passeia em minhas veias… e as vontades desvanecidas pelo tempo…assolam-me os sonhos e os acordares durante a madrugada …e suo só de pensar que um dia isso, também findará!

Esses voltam, porém o desfocar da tua imagem ao longe que deixou de ser clara... de manhã ressurge e acorda-me, igualmente, como se de um trovão se tratasse!
...nos teus braços abafava a amargura de outra época, de experiências aconselhadas e de medos que me enregelavam as pernas e os braços... desprovia de locomoção!

Mas deixei que as palavras, vontades, desejos e intenções fossem levadas pelo vento... e se perdessem!
E o vento quebrado por décadas de primaveras e de verões...
deixei que o vento fizesse tudo isso!

Saudades de mim!

Há meses que aqui não venho...e tenho saudades de mim!
Sim, de mim, esqueço-me de mim, constantemente...
E é aqui que falo de mim através da poesia e da prosa!
Ou palavras soltas mas que estão tão gastas e fluem conforme a minha tristeza, a minha alegria.
Tristeza quando vejo o meu pai ...que se esqueceu dele... faz muitos anos..
que se alimenta da depressão e angústia crónicas ... ainda ele nao padecia de velhice, de cansaço, de tristeza ...como eu gostava de te ajudar e nao posso! Foste vencido pela vida e eu nao quero mais isso para mim! eu quero vencer a vida e nao quero acreditar que herdei isso de ti!

Há cerca de um ano escrevi sobre ti neste blog...creio que foi a primeira vez que te dediquei algumas palavras duras e secas , mas tão verdadeiras! E pensei que as coisas mudassem....Não!

Continuam na sua mesmice de tantos anos...e só hoje me apercebo - tantas ausências recíprocas e pouco inteligentes - de que é um dado adquirido que eu tento mastigar e engolir para conseguir ser feliz!

Pai...eu quero ser feliz! tu não queres .... nem nunca quiseste... como te hei-de dizer que para eu ser feliz te quero ver bem ...

Tantas palavras, tantos ensinamentos que te quero passar e que aprendi, sozinha!
liberdade, autonomia, expressão, amor, compreensão, afecto e emoções....

Poxa... Como dizer-te que a vida é tão bela, também!
Pai, eu tento aceitar como tu és e que eu me tornei assim...
Tantas vezes sonho com alguém que me deseje bom dia, que queira saber de mim, que me pergunte se o meu dia correu bem! Tu
nunca demos uma boa gargalhada, nem nunca chorámos de alegria ...

A revolta que tu sentes, passa-la para mim e isso nao quero mais!

Porque nao consigo sentir e pensar que tu és meu pai ..para além dos laços de sangue que nos une! eu nao quero sentir inveja do Pai do meu amigo! Mas se falo nisso é porque sinto!