quinta-feira, outubro 30, 2008

Sara Tavares - Eu Sei

Se eu voar sem saber onde vou
se eu andar sem conhecer quem sou
se eu falar e a voz soar com a manhã
eu sei...

se eu beber dessa luz que apaga
a noite em mim
e se um dia eu disser
que já não quero estar aqui
só Deus sabe o que virá
só Deus sabe o que será
não há outro que conhece tudo
o que acontece em mim

se a tristeza é mais profunda que a dor
se este dia já não tem sabor
e no pensar que tudo isto já pensei
eu sei...

se eu beber dessa luz que apaga
a noite em mim
e se um dia eu disser
que já não quero estar aqui
na incerteza de saber
o que fazer, o que querer
mesmo sem nunca pensar
que um dia o vá expressar
não há outro que conhece tudo
o que acontece em mim

segunda-feira, outubro 27, 2008

Sexo. Solidão

Se o sexo é solidão, nenhures ou algures muito longe. Porque me sinto segura com ele?
Não há paz nem calor, nem sabor! E fico à mercê de... alguma coisa, se calhar, de nada.
É uma espera sem paz! Então porque me sinto segura!!
Um vazio, é oco, é ócio sem o ser. Então porque me sinto segura!!
O sexo pode ser controlo, pode ser dominio, pode querer dizer parar. Porque me sinto segura?

O sexo pode ser a razão porque deixamos de lutar. Pelos sonhos, outras ambições, algumas harmonias que se perdem e desconcertantes. Ausências. culpas adiadas e inventadas por nós. Por mim..
O sexo é isto! Ajuda a esquecer, então porque me sinto segura!!

Houve alguém que me disse: nunca percas a capacidade de desejar e de lutar por isso.
Não sei se é verdade... A mentira, o engano, a desonestidade .... ajuda a esquecer....
O sexo pode ser dominio sem fim, então porque me sinto segura?
O sexo ajuda a esquecer... E é bebida sem o ser! Faz-me companhia quando pareço completamente ébria e lastimosa.

Fica-se à mercê da solidão, então porque me sinto segura?

À mercê...


Apatia

Apatia. Indiscutivelmente apatia.
Falta. ausência. emoção, entusiasmo, de paixão.

Da parte intelectual e cientifica é mostrada por palavras de quem sabia...de quem sentia, também... se não desta forma, como escrever a cerca de..??!!! como saber a....??!!quem e o que sentia a...??!!

Apatia provém do grego clássico apatheia. Páthos em grego, significa "tudo aquilo que afecta o corpo ou a alma" e tanto quer dizer dor, sofrimento, doença, como o estado da alma diante de circunstâncias exteriores capazes de produzir emoções agradáveis ou desagradáveis, paixões. Assim, apatheia tanto pode significar ausência de doença, de lesão orgânica, como ausência de paixão, de emoções.

O termo apatheia foi usado por Aristóteles (384-322 a.C.) .
A impassibilidade, insensibilidade, e, a seguir, incorporado pela escola filosófica fundada por Zenon (335-263 a.C.), denominada estoicismo, para expressar um estado de espírito ideal a ser alcançado pelo homem durante a sua existência.

segunda-feira, outubro 06, 2008

quarta-feira, outubro 01, 2008

Homenagem a um Amor antigo (para recordar)

Meu amor, esta noite, dou-te a Lua

Dormes, repousas em teu leito
Sei o que te apoquenta,
E quero-te dar a Lua. Para que, hoje, durmas tranquilo.
Lua Azul. E tu sabes que esse Azul está cheio de amor a presentear.
Encosta-te a mim…adormece. Estou aqui ao pé de ti.
Não sabes que te escrevo, no entanto…Quero dizer-te…
Esta noite ocupas este pequeno espaço de palavras que escrevo em tua homenagem.
Queria dar-te tanto, mais ainda….
Dizer à noite, que me encontrei ao descobrir-te.
Que fazes parte do mais belo poema que, ainda, hei-de escrever,
Que serás a mais bela tela, que, um dia hei-de pintar.
E segredar à Lua que te guardo num baú junto ao coração.
E gritar e cantar à Lua, a letra de Florbela Espanca:
“E é amar-te assim, perdidamente …
È seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente”
Tens a bela audácia de invadires os meus pensamentos, tornando-os aprazíveis,
Transformas pesadelos em belos e generosos sonhos, colorindo-os com a tua bondade,
Agora, queria ser ave da noite, e voar para o pé de ti para que te pudesse contemplar,
Enquanto dormes….
E que o azul da Lua me pudesse guiar
Levar-te rosas para te banhar o leito, nesta noite, que ainda é uma criança.
E abandonava pétalas, pelo teu quarto, pelo teu leito, pelo teu corpo, pela tua face.
Quando acordasses de manhã, pudesses soltar um sorriso de alegria e contentamento.


Este é o modo de te dizer que estou presente, que te amo, que ouço o alvoroço das tuas noites como se ouvisse, tão bem, o mar selvagem, ao longe, e o romper da escuridão.

Esta noite é o momento, também, para te dizer que me pertences, que te pertenço, como me pertence o luar e o lume das estrelas, e o aroma do orvalho nas manhas de Outono, como o chilrear da cotovia.
Como as flores precisam de Sol e de chuva. Como as noites precisam da Lua.
Desta Lua Azul. Meu amor, como me fazes falta!


Beijo A.

Análise qualquer

(silêncio)

..."não sei o que isto significa", disse ele!
Não entendo o que me escreves. Não consigo decifrar o que aí está! Fazes-me sentir incapaz!

(irritada)
disse ...O que não percebes, exactamente? O que se passa, para sentires ou achares que eu te faço sentir incapaz com esta declaração de Amor!?
Não há maior frustração do que esta! (pensei)

Sente simplesmente! não analises!

A minha reacção foi começar a "perder a pica"!

Para os mais e menos sensiveis, será que o post-anterior, pergunto eu, é tão complicado de sentir ou de entender?

Nesga de praia

Numa noite nesta nesga de vila e de praia senti o desapego ao corriqueiro, e a atenção focou-se em momentos que geravam felicidade, ajudaram-me a criar escritos e a colher outros de onde menos se espera. Uma noite que parecia igual, transformara-se em especial. O tempo era terno de quando em vez e o compasso em cada gesto era solto e expressivo. E o Céu estrelado e a Lua assistiam àquele rodopiar de ecos que vieram para celebrar aquela noite. Imaginei-nos. Aconteceram.Distraída, senti um odor misturado a maresia e ao mesmo tempo a comida. Engraçado. Notei. Algo mudara. À medida que os anos foram passando, também aquela nesga se colocara à mercê de intempéries e de verões menos calorosos. Mas a sua beleza estava diferente. Nem melhor, nem pior. Era porque nós estávamos ali.Diferente. Talvez o mar trouxesse ou levasse mais areia. Fossem pedras ou conchas trazidas pela revolta das vagas. O mar corroera com a sua bravura algumas rochas que se mantinham ali há anos, à conveniência de alguns pescadores locais. Os areais estavam mais vastos. Assimilava imagens à beleza, do que se tornava maior. Não sei. Sentia-a distinta. Vislumbrá-la doutra forma. Aquele pedacinho que me era familiar e jamais dera tanta atenção. Nessa noite sentia-me, de novo viva, e a minha sensibilidade apurara, ou nunca escutara, com atenção, o trautear que aquela nesga de praia abraçava. Por acaso. Crescia um sentimento despoletado por fragrâncias naturais, já esquecidas. Só me lembro de acordar e de te sentir a meu lado. Ao amanhecer agraciaste-me com um bom dia. Provocavas-me cócegas no ouvido com sussurros e verdades irrecusáveis, e o meu sorriso favorecia-os. Sentia a tua mão a aconchegar os meus dedos, consentia os teus afagos nos meus cabelos. Eram ternos. Estiveste lá, sim. Não te lembras? Os meus afectos permaneciam num cais que eu decidira abrigar. Nele vive meu barco que dormia como uma criança.Por vezes, acordava e contemplava o nascer e o pôr do dia, zelando pelas velas recolhidas. Mas jamais, pensaria que as descobrisses. Há quanto tempo já esqueci. Um encontro. Um afago. Alguém que desse por mim. Mas não escapei à tua delicadeza. Tanto te quis beijar, ali. Um simples beijo. Era do que mais sentia saudades. Um beijo longo, demasiado e quente onde pudesse usar a tua boca como porta da alma. Sentir o teu sabor como parte de mim, olhar-te nos olhos sem medo de que me pudesses ler, e passar as minhas mãos pela tua barba mal feita. Olhar-te nos olhos, e descobrir o reflexo de uma mulher desejada. Deixar-me prender às tuas mãos, e ser escrava dos teus toques suaves. Os meus olhos ansiavam, a cada minuto, repousar nos teus. O meu corpo queria conhecer-te de cor. Saber cada curva, cada alto, cada ruga de expressão, conhecer cada sabor escondido dentro da tua pele, cada gota de sal. !“...Extasiados, de corpos suados com um ar desgrenhado e feliz, lembro-me que adormeceste primeiro, nos meus sonhos cor de verde-musgo, eu permaneci acordada para observar os teus contornos, o teu suor a percorrer as curvas da tua coxa, o teu sorriso satisfeito ...!Acabei a sonhar nos teus braços... Acolher o teu amor. Desassossego. Único. Criativo. Temia cair na insipidez rotineira que o apaixonar transporta e leva até ao fim, ainda mais, do que a própria vida já faz por si. Divago, sim. Já não escrevia há tanto tempo. Deixei de escrever. Sei lá, porquê. Se calhar, há muito, que te esperava. Sinto falta de ti ao pequeno-almoço. Sei lá. Às vezes imagino que te oiço bater a porta de manhã, o som arrastado que fica colado aos objectos depois de a teres batido. Lembro-me dos sons da manhã com inveja, parecem conhecer-te melhor do que eu. O botão do despertador pelo qual passas a mão. A água que te desliza pelo corpo todo e a toalha que te abraça e aquece ao passar pelo cabelo. A escova de dentes e o espelho para o qual sorris. Ouvir a cafeteira encostar-se à chávena e de ouvir a porta do frigorífico abrir-se, pouco antes de ouvir a porta bater, porque nunca te sentas para o pequeno-almoço. Não te disse tudo o que espero de ti. Que te sentes para o pequeno-almoço e esperes por mim. Sempre achei que o amor fosse um pequeno-almoço contínuo.