Tão perto e sem factos
Nada é irrealizável
Mas manter à tona
Os dias sem me afundar
Em ti…
Parece quase (in) sonhável
Tento ser diferente
Tento ser tanta gente ao mesmo tempo
E até mesmo tu…
Que me perco em palavras e sorrisos
Ora (Des)agradáveis…
Incompreensíveis e rasos
Aos olhos de (os) outros…
Não me interessam outros…
Já só sei que…
Não escuto, não me oiço
Porque o grito de dor é assaz alto
Não me oiço… tento escutar o corpo que fala
O meu corpo grita e chora … adentro e
Mesmo assim… Não me oiço…
Amo com dor
Um corpo que ama com dor
Cumpre e segura o mecanismo de outrora
Ou de sempre,
a mesma música com pesar
De uma vida sem ar, de um corpo sem fala
Desde que o ar é ar
desde que o corpo me (SE) conhece
que me calei
que me segurei
e me sufoco em dições e guardo,
despejadas e brotadas
não passam da boca e se transformam
apenas lágrimas
que moram e permanecem
se és pranto impregnado
se és rio sossegado e quieto
Sim, é quietude
Tento ser quietude
Apenas tento…
Se calhar, sou rio…
Quando tento ser Mar!