quarta-feira, janeiro 26, 2005

Alarve





Um sorriso contínuo,
um esgar infantil,
Um lápis azul.
Azul alarve,
cor sorridente que
submerge no papel
infantil contente.

http://caracaterina.clarence.com/

http://www.poster.de/Miro-Joan/ Miro-Joan-Blu-II-4-3-...

terça-feira, janeiro 25, 2005

Lembram-se de Pratt e Bilal

Sinto saudades e lembro-me, tantas vezes, de alguns livros de Hugo Pratt e de Enki Bilal que nunca tive. São os meus autores predilectos. Não eram meus os livros, todavia, moraram comigo na mesma casa, durante anos. Hoje sinto falta de reler algumas estórias que, na altura, me entretiam e faziam-me viajar no tempo.

Sempre com um cariz aventureiro, Hugo Pratt escrevia de uma forma tão intensa e indubitavelmente descritiva que fazia com que eu me absorvesse ao ponto de me imaginar na pele de uma das personagens. Lembro-me de A Fábula de Veneza, onde Corto Maltese percorre a cidade em sete dias à procura de uma esmeralda mística chamada "clavicula de salomão". No mínimo, empolgante.

Outro livro:"Corto Maltese perde a memória por culpa de uma gaivota"
" As mulheres seriam maravilhosas se pudéssemos cair nos seus braços sem cair nas suas mãos."

"As mulheres de Corto"
Estás muito bonita! Fazes-me lembrar um tango de Arola que eu ouvia no cabaré 'Parda Flora', em Buenos Aires.
- Talvez houvesse por lá alguém parecido comigo?
- Não. É precisamente por não te pareceres com ninguém que gostaria de te encontrar sempre. em toda a parte
.

Nas estórias de Bilal, pelo contrário, fascinava-me o enredo e o ambiente de ficção cientifica que ele conseguia criar e transpôr nos seus textos. Era demasiado arrojado e moderno para a época. Estamos a falar de há 10/12 anos atrás, senão mais. Foi quando eu comecei a ter contactos com os seus livros. E os desenhos eram perfeitos. Já não me lembro quem desenhava. Pierre Christin. C´est ça.

Lembro-me de um livro "Les Phalanges de L´Order Noir". Uma viagem histórica desconcertante.
A resistência de um povo perante o terror de uma Ordem Eclesiástica de Anciãos.
" La Ville qui n´existait pas". Focava a luta de classes, engrendrado num ambiente de ficção científica. Aliás, todas as estórias e desenhos eram projectadas numa base de ficcção cientifica. Espectacular.

Claro que existem muitos mais e bons livros destes autores. Só tenho pena que sejam tão caros. Senão recomeçaria a lê-los. E até, quem sabe, comprar a obra completa.

Foi bom lembrar-me deles. Remonta uma fase da minha vida.

Tipos de Mãe

Estou a ler um livro que me foi aconselhado por um amigo psicólogo. Manual para nos Defendermos da Mãe de Gianni Monduzzi, psiquiatra de formação e autor. Procurei no google alguns artigos para saber mais sobre ele. E só consegui em italiano. O que é pena, porque não percebo patavina . Este livro menciona todo o tipo de Mãe que há neste mundo e dá algumas dicas, de como nos defendermos dela. Quem estiver interessado ou tiver curiosidade em saber que tipo de Mãe tem, aconselho a comprar o livro. Lembro-me de alguns tipos : a Mãe perua, a pavoa, a galinha, a psicoespecialista, a maníaco-depressiva, a chique, a vip, etc etc. Retirei um excerto de um artigo que saiu na Máxima e acrescento aqui o link:

Deste modo, para o verdadeiro “menino da mamã”, o processo de sedução acarreta angústia, uma vez que tem consciência de que os beijos dados às outras são sempre carícias roubadas à mãe. E, para ele, a mãe é a única mulher que presta: “De costume, não se casa enquanto a mãe é viva; se ela durar muito, arrisca-se a ficar solteirão perpétuo. Mais que de uma mulher precisa de alguém que lhe tire os nervos do bife e lhe descasque a fruta no prato, senão não a come”, escreve o autor italiano Gianni Monduzzi, psiquiatra de formação e autor do Manual para nos Defendermos da Mãe

Este é o tipo de mãe galinha.

Alfie e as mulheres

Apeteceu-me ir ao cinema. Porém, a hora da matiné não era muito propícia, dada a escolha de filmes que eu tinha pela frente. De todos, optei por uma comédia romântica, que me surpreendeu. Pensei que iria rir todo o filme. Pareceu-me ser um enredo leve e descontraído, e no entanto, achei-o bastante triste. O filme foca, essencialmente, relações fortuitas e curtas. Num ápice, se percebe que o protagonista fica sozinho, na medida em que ele personifica o verdadeiro don juan, o homem que deseja e conquista todas as mulheres e que as abandona, sem qualquer culpabilidade. Embora seja ambicioso, o que ele mais deseja é ter dinheiro suficiente para viver, gozar ao máximo os prazeres da vida e não ter de assumir responsabilidades.
Um irresistível londrino que acabou de se mudar para a sofisticada Manhattan. A personagem principal deste filme - uma espécie de ''Sex in the City'' em versão masculina - trabalha como motorista de limusines nas ruas da cidade e, sempre que pode, aproveita o conforto do banco de trás para seduzir as suas clientes mais solitárias.
O filme centra-se em cinco das suas conquistas amorosas: a namorada do seu melhor amigo, a mãe solteira que sonha com uma relação a sério, a mulher casada e infeliz, a louca e a fogosa executiva de meia-idade.
Apesar de as abandonar a todas, no final ele vai aprender algo com cada uma delas. Embora esteja rodeado de romance, quando percebe que é incapaz de amar, constata que, aos trinta e poucos anos, um pouco de amor e intimidade verdadeiros não lhe fariam mal...
Típico de alguns homens. Portanto, no campo das relações não há filme mais actual que caracterize este tema. Deveras esclarecedor e imediato para evidenciar o que se passa connosco. Antes de mais, enaltecemos a embalagem, depois o que julgamos ser o último recurso, a felicidade inesperada e repentina. É só isto que interessa. O que não é tão mau, se pensarmos em continuidade, mas o nosso egoísmo incomodativo sussurra-nos ao ouvido que há sempre mais.
Bom, ele fica sozinho. Vê-se forçado a alterar o seu modo de vida, e a tratar as mulheres doutra forma. Todas as relações tinham terminado. Numa delas queria voltar a vê-lo.
E o que é que ele tinha? O que é que ele construiu? Quem é que ele amou? Nada e ninguém. Tinha um emprego. Tinha uma casa modesta nos subúrbios de Nova Iorque. Perdeu os poucos amigos que tinha. “Quem semeia ventos , colhe tempestades”. Sim, é verdade. Será justo dizer: É inevitável lutarmos contra a nossa natureza e aprendermos a lidar com ela? Não sei, será?
Só sei que o filme vislumbrava ser uma comédia e tornou-se para mim, uma análise exaustiva e melancólica. Posso imaginar o que ele sentiu. Ficar sozinho e, no fundo, é o que nos assusta, a todos.
Curiosamente, não estava muita gente na sessão e ouviam-se gargalhadas histéricas e desapropriadas, face às questões importantes e subjacentes e, mais grave, que não foram interpretadas da mesma forma. Muitos dos gages alusivos no filme funcionam como uma homenagem à masculinidade incutida nos homens, ao longo dos tempos. Para mim, aquelas pessoas que acharam o filme hilariante, não souberam ler nas entrelinhas, o que revela pobreza de espirito.
Todos sabemos que existem mulheres como o Alfie, mas sabe bem dizer que é bem feito o que lhe aconteceu. Pois, não carece de ter pena de homens que actuam assim com as mulheres. Só merecem o fim que têm.


... do mesmo modo de que as mulheres têm medo de receber, os homens têm medo de dar. Dar de si aos outros significa arriscar-se a uma falha e desaprovação. " John Gray, autor de Homens são de Marte, mulheres são de Vênus.",


quarta-feira, janeiro 19, 2005

África

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Sonhei um dia
Com as tuas cores
Com o teu perfume
Com o teu sabor,
Provei-te e acaricio-te
Quero sempre mais e
devagar uso o teu gosto.
Sinto a tua falta mas,
se um dia me atrever
cedo à sedução
Que estremecia
aquele horizonte sem fim.
Era Agosto e estavas quente
ardias de contentamento.
E o meu corpo viciou-se em ti.
Ainda sonho

terça-feira, janeiro 18, 2005

Minha querida e doce avó. Como é bom existires. Como é bom teres sido o meu amparo. Como é bom, ainda hoje, contares-me tantas estórias, naquelas em que tu foste a maior protagonista. Como é bom sentir o teu cheiro quando te beijo na face. Tu que fazes jus e honras o dia mundial dos avós e para o qual, tens sentido. Em ti penso todos os dias, e nem sempre te telefono. Eu sei que te devia dizer que te amo e que te estou eternamente grata por teres olhado por mim todos estes anos. Não o faço, nem sei porquê. Mas não quero que te vás sem que saibas que só tu mereces as rosas que ainda não te ofereci, e os beijos e abraços que ainda te hei dar. Avó minha, como eu te adoro. Se há alguém no mundo que me faça chorar de alegria, és tu.
Tu que tens sentido as amarguras da vida e, no entanto, afastas as lágrimas com o braço e marchas em direcção ao proximo desafio. Minha doce avó, obrigada por seres quem és!
Um beijo no coração

Viva o amor

Em resposta ao teu comentário sobre este texto, digo que é recente, não do despertar da juventude.
Realmente a juventude é relativa. Pode ser-se jovem aos oitenta. Acredita porque já vi.
Quanto ao que digo hoje disso é exactamente o mesmo.
Beijos

sexta-feira, janeiro 14, 2005

a propósito de mudança

... sentimos medo dela. É um sentimento que, à priori, tem uma conotação positiva, e no entanto, não passa de um sonho que, para a maioria das pessoas, apavora e não chega a ser. O que vem a seguir, soa a diferente. Assusta. E perdemos a capacidade de controlar as consequências dessa mudança. Talvez não conte muito mudarmos algo no nosso dia-a-dia. E digamos que não importa muito se se falar no plural, é capaz de ser tornar mais fácil, quando não nos referimos a nós proprios. Suponhamos que se muda de sitio um objecto na nossa casa, um móvel que nos parece ficar melhor no canto da sala, ou uma jarra que fica melhor no meio da mesa. Enfim. Tretas. É só mais uma tentativa de relativizar o que, de facto, é importante mudarmos, ou então uma defesa para nos revelarmos capazes disso. É algo a que nos habituámos a falar com Amigos... Está na moda? Falta de tema? Não. Penso que não. Recorremos a uma série de auxilios para nos soar que, a avaliação que possam fazer de nós, seja mais branda... E se o fazemos! Fazemos outras coisas, como as chamadas campanhas de promoção aos outros e achamos que cometemos a boa acção do dia, quando para nós é tão dificil.
Mudo...mudas...muda!!! porque é tão condicionante e conclusivo numa sociedade ocidental a importância de nos aceitarmos e de nos aceitarem. Sem que nos rotulem. Nunca acontece isso, apesar de nos lembrarmos, a toda a hora, que nunca faremos a diferença. O historial de vida de cada um é sempre decisivo na interacção com os outros. O que nos atrai, o que nos afasta... Rótulo sem regresso. Ora, pensando num país de terceiro mundial estes aspectos têm a sua relatividade propria. As guerras, há que acabar com elas. A cobiça e a maldade, o mesmo. Mas a única e importante mudança que estes povos pedem é que não os deixem morrer à fome e à sede. Temos o condão de pensarmos e sentirmos pena de povos que sofrem com as guerras, com as catastrofes naturais, com as politicas adversas, mas, na realidade só conseguimos sentir e reparar no que está ao nosso lado. Alguém que não muda, alguém que não se torna util à sociedade, alguém que nos é (in) diferente, alguém que não faz parte da nossa cadeia social, alguém que nos é incompativel ou não nos é empático. Afinal de contas, a vida não é mais do que uma cordialidade inevitável e imposta. Há dezenas, senão, centenas de publicidade que nos entra, todos os dias, no computador, na televisão, no rádio, a fim de promover o amor com o próximo, com ditos e frases de autores conhecidos, como Dalai Lama. Isto não será uma moda? Ou melhor, que não seja uma moda, não será hipocrisia para nos sentirmos uteis e dizermos que até gostamos deles, como eles são, quando no fundo, pensamos o contrário.