terça-feira, maio 31, 2005

Dias para tudo...

Hoje é o dia europeu do vizinho. E o dia mundial do não fumador. O ideal era um dia sem fumo. Portanto, hoje pelo menos, não fumemos. Bom, mas contra mim falo. Também fumo e, sei de cor os maleficios do tabaco. Não tenho nada contra estes dias, mas não acham que deveria existir o dia da mentira?
Mentirinhas graves que o nosso governo tem vindo a cometer. Para eles, é só ficarmos depenados, que está tudo bem. Juntos venceremos, os portugueses têm um dom para a tolerância que só visto. Não há governo que se "empoleire" que não minta. Portanto, nós que nem temos, nada a ver com o défice. Pelo menos, directamente, é que vamos ter de pagar a conta. Os governos anteriores fizeram a "merda" que fizeram. E nós, os trabalhadores, os que dão duro, os que pouco têm, os que ganham pouco, os que passam fome, ou que vão passar - nunca se sabe -, é que se vão ver gregos para pagar a factura contraída por eles. Aqueles que fogem ao fisco, que viajam com o nosso dinheiro, que lhes é tudo pago; desde telemóveis, a viatura, telefone fixo, etc. Porqe não pagarmos também as suas casas? Não se lembraram ainda!
Ora, isto é de uma injustiça sem explicação.

segunda-feira, maio 30, 2005

O "não" da França


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França diz "não""O dia mais não", escreve hoje em manchete o diário francês de esquerda "Libération" a propósito da votação de ontem no referendo sobre a Constituição europeia, que recolheu mais votos contra o documento. A esquerda e a direita francesas estão profundamente divididas sobre esta questão.

Publicado no Público a 30 de Maio de 2005

sexta-feira, maio 27, 2005

HANS CHRISTIAN ANDERSEN

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Danish author (1805-1875)


Ontem, par hasard, estava a dar no 2º canal um filme sobre este autor.
Era um pouco sobre a sua bibliografia. Sem ser documentário, era ficção. Muito engraçado. Eu não sabia muita coisa sobre ele. Sabia a sua nacionalidade e que escrevia contos para crianças.
Neste filme, percebe-se que, muito antes disso, começara a escrever poemas. Com uma imaginação tão fertil e descontrolada. As pessoas que o conheceram, ajudaram-no e fizeram com que ele, já que ele era extremamente pobre e não tinha ninguém - não sei se o filme corresponde à verdade, mas, durante muitos anos, viveu numa casota de cão - frequentasse a escola, para aprender, acharam que ele, a determinada altura, enlouquecera. Dizia-se que apanhara o "virus da loucura" que tinha o seu avó.
Gostei muito e fiquei agarrada ao écran até ao fim. No 2º canal é raro haver intervalos nos filmes.

segunda-feira, maio 23, 2005

Perpétuas

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A nudez, natural, bucólica.
Traz a vida e a morte, e quão queda serena, o cair das folhas no leito doce da terra.
Lembra o sentido da vida, trazendo calma à simplicidade do sonho.
Sossega o Outono que nunca mais tem fim.

Amássemos que...

Porque reages a algumas pessoas e a outras, nem por isso? A reacção surge anormalmente, para te defenderes, ainda que tenhas ou não razão. Não é o que todo o ser humano faz? Então?

Sentes-te, caído, sentenciado e, constantemente, avaliado, como se recuperasses de uma tremenda bebedeira. Como se te sentisses achincalhado e achas que não fazes parte do clã. Ainda que gostemos de ti. E tenhamos pena do que te tem acontecido. Mas és um querido. Contudo, manténs-te calado. Como se nada afectasse essa embriaguez. Deixas-te levar pela graça que as palavras têm nesse instante.

Só te lembras de manhã, quando acordas sobressaltado e com uma ressaca maior do que a bebedeira da noite anterior, de que poderias ter-te insurgido. Sentes-te mal. O que fizeste? Aceitaste. Reconheceste o erro. Sabendo à partida que a ressaca é um sentimento que justifica a autodefesa.

Sabendo que a alegação, é também um direito que te assiste, porque não empregá-la? Seria verdade? Ter-te-á o medo, de ti, apoderado, por irdes magoar quem não querias perder. Talvez, em parte. Contudo, hoje, vês as coisas de outra forma. Não que o erro seja reconhecido, só, pela metade. Mas a verdade é que, muitas das vezes, há metades certas e outras redondamente erradas.

Porque é tão importante medir e avaliar o regulamento social e financeiro para que te aceitem. Para que não tê sintas marginal. Inconscientemente, fazem com que te sintas excluído dum procedimento parvo e convencional. Nada fazes para mudar. Mas também nada fazes para te defenderes. Se nada nesta vida dura e vence. Só te ficam as recordações boas e más.

Vivências que, temporariamente, buscas para justificares os momentos felizes da tua vida. Os verdadeiros amigos, aqueles que se preocupam contigo. Os que gostam verdadeiramente de ti. Esses, sem dó nem perdão, dizem-te que erraste e erras. Lidar com tal é, verdadeira e perversamente, frustrante.

Mas também te cobram condição, e imagem representativa, aquela a que, sempre, estiveste acostumado. Nela te inserem ou te inseriste, sem dar por isso, desde muito cedo. Não será por isso que aguardam que ajas de determinada forma em determinado contexto. É muito vago, é certo. Mas é tão verdade e tão castrante. A vida, a mal ou a bem, ensina-nos o seguinte: se queremos vencer, se queremos aprender, singrar na vida temos de nos aliar aos que encabeçam.

Errado é. Sempre será. Mas não teremos, nós, o direito à escolha. Impingem, a toda hora, modelos e traços que devemos respeitar a um arquétipo de existência e feição de viver. Infelizmente, assim se passa. E é assim que agimos perante o mundo. É assim que agimos com os que nos rodeiam. Estipulamos padrões e degraus que devemos seguir. Ou seguimos essas pisadas, ou se não a imitarmos, somos diferentes, somos postos à borda de tudo. Colocados numa outra cerca que diferencia classes, categorias, laias, grupos, estirpes, castas, ascendências, sangues, etc.

O interesse, a vantagem e a utilidade são, hoje, palavras, atitudes, posturas, gestos que se vinculam fortes e redutores, finalizando em nós, um baptismo de sinónimos como a grandeza da nossa condição mais conveniente e determinante.

Será preciso tanto dogma, tanto cargo, tanto escalão, tanta imensidão para conquistar tanta “superficialidade” e no fim, o que fica para que te reconheçam nos dias que te faltam?

- Apesar de tudo, era uma excelente pessoa, e tão gratificante foi, tê-la(o) conhecido.

- Ou sempre foi um coitado, não teve sorte na vida. Nem filhos teve para perpetuar o apelido.

Mas será que, hoje, o amor já não vence?

Parece que tudo contrai podridão e caruncho.

terça-feira, maio 17, 2005

LES CHORISTES

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Vi este fim de semana um filme a não perder!
É de uma ternura extrema.
Faz lembrar um pouco o - "clube dos poetas mortos" - a união e a cumplicidade que existia entre os alunos. Este filme, apesar de, se situar num ambiente - tipo de colégio - diferente que alberga crianças de outro estatuto. Pobres, orfãos, etc. Não deixa de ser, também, um excelente filme.

segunda-feira, maio 16, 2005

Morre lentamente

A vida!


Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o escuro ao invés do claro e os pingos nos is a um redemoinho de emoções, exactamente a que resgata o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e coração ao tropeços.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto, para ir atrás de um sonho.

Morre lentamente quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, ouvir conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte, ou da chuva incessante.

Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, nunca pergunta sobre um assunto que desconhece e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em suaves porções, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ar que respiramos.
Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira felicidade.

Pablo Neruda

ambígua a vida, não?

Ser, não ser
Ter, não ter
Saber, não saber
Estar, não estar
Querer, não querer
Sentir, não sentir
Chorar, não chorar
Rir, não rir

Apetecer, não apetecer... Não me apetece ter de me apetecer. Só me sinto bem onde não estou! Tento perceber estas querenças ambíguas. Ou não há explicação. E nem tem de haver. Quem sabe! Querer paz e querer luta. Dar sem querer receber. Dar para receber. Querer amar, não querer amar. Querer ser amado, não querer ser amado. Estranha feição de me ver.
Conhecer-me-ei verdadeiramente?

Tantos e tantos verbos, e quantas horas demorariam a achar um que se ajustasse à asserção. As palavras, hoje, ganham autonomia e assertividade pelos sentidos bocais arrojados, de e a quem faz sentido.
É bonito, é chavão, é intenso. E não é por isso que a profundidade caracteriza as palavras, encantando quem as entende, ainda que, assumam sensibilidades e sentidos extremos, mesmo que por vezes, não tenham nexo. Prosperamente, existem pessoas a quem as palavras deslumbram. A criatividade que as palavras propõem carregar, só o que se assume mais fragil e sensível, as decifra. Transportam tal impressionabilidade em códigos viciantes e sedutores, que a magia e a paixão que as palavras obtêm, faz com que contemplemos outro mundo. Que seja o da fantasia. E porque não?
A vida, por si, já é dura e concreta demais, para que nos mantenhamos neste estado de desgraça em que andamos - Cegos, insensíveis, inodoros, mortos - ou melhor, sobrevivemos. Nem é tanto assim.

Pablo Neruda, num dos seus poemas, dizia: ... morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito...

Catálogos e mais rótulos

Ocorreu-me esta ideia. E que não é, de todo, estapafúrdia.

Inevitavelmente, se pensarmos um pouco, já rotulámos alguém. Por qualquer motivo, provavelmente, estapafúrdio. Mas não é o ser humano, como animal pensador que é, que evita discernir essas discrepâncias? Claro que sim.
As nossas actuações revelam uma conduta habitual, neste sentido, o que faz de nós, insensíveis à palavra, e ao entendimento sagaz.
O encadeamento do nosso pensamento tolda-nos, muitas das vezes, o raciocínio que se pode tornar lógico ou ser agradavelmente iluminado e surpreendido, para que a ideia que possamos ter do alter – o outro – surja deturpada. Desfiguramos à partida qualquer ser que não gostemos. E por aí afora, vem o rótulo, a decepção, o desencanto, enfim toda uma série de defeitos aos nossos olhos.

- Não fazes parte do meu meio social e económico, não te identificas comigo, não me agradas, cheiras mal, não sabes falar, não tens formação superior, não me és compatível, para mim não serves – Estes e outros pensamentos prioritários que nos assaltam a medíocre organização da nossa intacta natureza mental. É a de que dispomos. E é inviolável. E não fazemos qualquer triagem, doa a quem doer.

Ora, os catálogos são necessários. É uma verdade. Colocada sobre nós e assente. Pensemos num catálogo vulgar. O seu objectivo principal é vir inscrito a discriminação das propriedades, assim como, o preço adjunto aos produtos. Utilizado, somente, em objectos, coisas, assuntos, temas, se quereis ter uma leitura mais abrangente. Nunca a, pessoas. Mas que o fazemos, sem dúvida alguma. Vivemos com esta ideia disposta. Para tudo, é preciso catálogos, rótulos, índices, róis, listas e estruturas sempre iguais e definidas.
Senão, abalroamo-nos ou abalroam-nos. A nossa estrutura está tão sedimentada e criada pelas nossas famílias e pelas leis sociais. Elas têm de se manter e continuar preservadas. Será que nunca o sentimos na pele?