sexta-feira, agosto 12, 2005

A vida é bela

A vida é bela. A vida é única. E é compensadora. Nunca lhe damos a importância que ela merece. Da forma como a desperdiçamos. Por vezes, duma forma ignorante ou tacanha.

Complicamos as coisas simples, guerreamos por insignificâncias, vemos o mal onde ele nao existe, destruimos a nossa paz que nasce intacta e ao invés de a alimentarmos só a vergamos à nossa imagem, à nossa maneira. E temos, ainda, de conviver com tanta coisa que odiamos: guerra, poluição, miséria, fome, falta de amor, ganância, poder e, como se não bastasse temos de lidar com a doença, com a morte. É terrivel.

Lembro-me de uma amiga me dizer, em tempos, que ficava feliz e infeliz com o nascimento de uma criança. Percebi quando ela me explicou o porquê dessa infelicidade. O facto de vir mais uma criança a este mundo com tanta coisa que ela tem de assistir, de ver, de sentir na pele como todos nós, coisas que nos desagradam. Se pensarmos que este mundo está cada vez pior e se agrava com o passar dos anos, então que futuro risonho e saudável se pode dar a uma criança. Todo um processo de dor e sofrimento. É óbvio que as coisas boas como a alegria, o amor, a bondade, a solidariedade, também fazem parte. Mas há crianças que, infelizmente, nunca conhecem esse mundo, convivem toda a vida com o lado mau. É justo? Não sei bem. Acho que, por vezes, não sabemos o que fazer com a vida. À nossa disposição, ela passa por nós e nem nos apercebemos que envelhecemos. Com o bom e com o mau, ou o menos bom.

Mas é tão belo estar vivo.

quinta-feira, agosto 04, 2005

Desajuste

Quem quer produzir neste país, sente-se sempre desajustado.

Naquelas ocasiões especiais, como férias, ou licenças de maternidade ou paternidade, ou saídas repentinas sem motivo aparente ... os serviços ficam sempre por metade e é quando é. Mas há que dar feed back aos que ficam por lá, os que trabalham e mantem o funcionamento, enquanto a outra metade está de férias. Mas não se entende. Os serviços, nessas alturas, deveriam ser assegurados, mas não é o que acontece. Muitas das vezes, não desenvolvem, nem fazem por cumprir o que lhes é destinado. Acha-se que por estar pouca gente no serviço não vai haver problemas. - Errado, é precisamente o contrário - O que vem no contrato deve ser cumprido; tarefas, funções, cumprimentos são talhados inicialmente, assim como, deverão ser mantidos até vencer o prazo do contrato. É para isso que são pagos. Pelos serviços prestados à empresa Y.
Num país que pouco produz, isto é inadmissível. Mas são capazes de reclamar, se não lhes é pago a factura ao fim do mês. Isto é básico. Simples. Em empresas publicas, ainda é pior. Não estão para isso, por outro lado, há sempre aqueles que lhes dá imenso jeito não fazer a ponta de um corno. Esses, saem mais cedo, apanham uma prainha, uma esplanada, um cineminha, sei lá. Pois, ele, há tanta coisa para se fazer lá fora.

segunda-feira, agosto 01, 2005

Desamor

O que nos leva a abdicar, de um mundo melhor?

De jogos estúpidos e agéis, de formatações virais que contaminam a nossa vida.
Vencem-nos sempre, trapaceiam-nos e moldam o nosso comportamento.
Da nossa vontade que, às tantas, deixa de funcionar.
De orgulhos parvos, de feridas que não saram.
De presunções, sem sentido, de que somos melhores.

Afinal o que a vida nos tem reservado?

Uma infindável hipocrisia e insensibilidade de que tudo corre bem.
De futilidades banais que nos emperram momentos sãos e alegres.
De referências que se estragam, de códigos que nunca se alteram.
De que somos felizes neste ínfimo corre-corre gasto e inverosimil. Será?
De paixões, significados, cumplicidades, desabafos, isso é bom...
Mas a questão é que se vestem de jovial, infantil ou maduro, não deixando de transparecer
um rasgo a hesitante e brutalmente agressivo.

Mas a saudade. Essa dá cabo de nós. Moe-nos, macera-nos e deixa-nos cada vez mais fracos e desapegados. O Desamor vence. Como tem vencido sempre. Desde que o homem se conhece.

Desde que se inventaram os casamentos entre familias de casta, de condição, desde que se inventaram as relações de negócios, desde que se inventaram as regras, os padrões, as igualdades, as estirpes. Desde que apareceu o ressentimento e a desilusão. A desconfiança.
Chega de mansinho e veste a pele de lobo, aparecendo-nos por vezes, de cordeiro, para que não nos sofregue tão depresssa, os tais instantes.
Afinal, o que se anda a fazer?No fim de toda esta odisseia bela, fugaz e rápida, reserva-se-nos a morte. A morte é certa. E o que nos resta? Começamos a contar pelos dedos os ápices que nos encheram a vida. Será necessário haver tanto desamor, tanta raiva, tanta luta para nos desamarmos e desamarem-nos?
Ah, pois é verdade! Temos de provar tanta coisa aos outros e a nós, e nisso o Homem, é eximio quanto baste.