"A poesia é oferecida a cada pessoa só uma vez e o efeito da negação é irreversível. O amor é oferecido raramente e aquele que o nega algumas vezes depois não o encontra mais..." - Sofia de Mello Breyner Andresen,
sexta-feira, maio 27, 2016
Raciocínios perdidos
Perde-se, ganha-se, é o que mais nos interessa.
É o que tem de acontecer, há coisas irracionáveis às quais não temos controle. As ligações que temos com o mundo, as do e no nosso tempo, por vezes, ficam pela metade, se pararmos para pensar - o que raramente fazemos - as que nunca têm inicio nem fim, as que ficam penduradas à espera que o tempo decida e faça o resto (existe um grande desejo, mas se matutam a nossa cabeça, não há arrumação possível).
Existe sim, um hiato entre sucessivos acontecimentos do que queremos que comece e do que queremos que acabe.
E raciocinar sobre o que não tem sentido, para quê? para quem? para nós...
Existe o choro, a saudade, a lembrança: somos animais pensantes e ativos para não perdermos a nossa própria orientação, a nossa racionalidade, recorremos a mecanismos e estratagemas para escapar às emoções "corrosivas".
Existe a distancia do que nos fez perder o "tino" existe uma maior probabilidade de lucidez e clareza. Diria que existem os hiatos da nossa vida , a vida continua com entradas e saídas de gentes, de pessoas que se cruzam connosco, é uma constante mudança de lugares, troca-se esta por aquela pessoa. Os espaços são preenchidos pelo tempo.
Afinal quando se começa, quando se deve começar. quando se decide a começar. Limites e prazos que se mantém suspensos. Há regras? Há timings?
E quando se chega ao fim? Há algum fim nesse sentido, ou fará sentido o fim.
Nunca se sabe ao certo. Não há etapas, nem regras, nem raciocínios, não há tempo para isso. Mas se estas palavras existem e têm significado, porque não lhes dar uso para que tudo faça sentido...
Mas o sentido que tanto, ansiosamente, damos ao que nos acontece, atraiçoa-nos com regras e condições. Infelizmente, a nossa tendência é regrar, e o essencial do que nos acontece, perde-se pelo meio. O que nos marca, verdadeiramente, e que nos faz rir ou chorar é nesse tempo que somos verdadeiramente humanos e sensíveis no nosso estimulo e somos reais, Vivemos a nossa realidade, mas em silêncio... A compreensão só faz sentido no silêncio...
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